Festival de Guaraminga define programação
André Bloc - Especial para O POVO 10/08/2010 02:00
Conhecida pelas flores, pelo clima e pelo fondue, Guaramiranga mostra anualmente que tem mais cultura do que pode parecer. Apesar de ser um dos menores municípios do Ceará (pouco mais de 4 mil habitantes), a população da cidade se multiplica para os diversos festivais que tem a praça do município como palco. E no friozinho da serra, mais uma vez, o Nordeste todo se encontra para se conhecer teatralmente no XVII Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (FNT). A reunião teatral começa no dia 4 de setembro e já teve anunciados os nove representantes dos Estados nordestinos na mostra principal do evento.
Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, e, claro, Ceará. Nove Estados, nove espetáculos. “A presença de peças de todos os Estados fortalece a dimensão que o Festival quer representar, que é o Nordeste. Isso consolida o evento, cada vez mais, como um espaço que reúne, divulga e promove a produção nordestina como um todo”, disse Nilde Ferreira, coordenadora do Festival. No total, foram 77 espetáculos inscritos para a Mostra Nordeste e um selecionado por Estado, seguindo os critérios da produção do FNT.
O grande destaque da edição 2010 do FNT é o grande número de estreantes entre os nove selecionados. No total, são seis “calouros” contra apenas três “experientes”. “Para mim, a seleção foi uma grande – e grata – surpresa. Mesmo em outros grupos que participei, com trabalhos mais antigos, nenhum dos membros da companhia tinha participado; nosso espetáculo nem mesmo saiu de Maceió, ainda”, comemorou Daniela Nery, atriz e dramaturga do monólogo Voo ao solo, representante alagoano do FNT.
Para representar bem Alagoas, os integrantes da Invisível Companhia de Teatro buscam aproveitar toda a experiência acumulada em outros grupos de teatro para fazer sua grande estreia regional na cena teatral. De acordo com Daniela Nery, apesar de ser o primeiro espetáculo do grupo, todos são veteranos que finalmente tiveram a chance de trabalhar juntos em uma peça. Voo ao solo, que a protagonista prefere descaracterizar como monólogo, já que os elementos de sombra e luz fazem parte da encenação da mesma forma que ela própria, conta também com o reforço de dois dos maiores nomes da literatura nordestina: Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos emprestam algumas passagens de seus textos para a montagem.
Outro grupo a estrear no Festival de Guaramiranga é o representante “de casa”, o Grupo de Estudos e Trabalhos em Stanislavski (GETS), que vai levar a montagem As Três Irmãs para a serra. Os outros estreantes são a Pequena Companhia de Teatro (MA), com Pai e Filho; a Cia A Máscara de Teatro (RN), com Deus Danado ; o Projeto Cacuete (SE), com Cacuete – A Incrível Performance de Crendices e Carambola (BA), com Uma vez, Nada Mais.
Já entre os veteranos de Festival, o destaque fica por conta da quinta participação do Grupo de Teatro Harém Pictures, que, dessa vez, traz uma releitura do clássico A casa de Bernarda Alba, do espanhol Federico García Lorca. Apesar de tanta experiência – tendo sido um dos grandes vencedores da primeira edição do Festival –, o grupo vai a Guaramiranga com seu novo desafio: o drama. Após cerca de 25 anos de trajetória, A casa de Bernarda Alba é o primeiro espetáculo dramático do grupo, de acordo com o produtor e ator Francisco Pellé.
“Nós trazemos a Bernarda da Espanha e situamos no Nordeste brasileiro – no Piauí, no Ceará, no Maranhão...”, disse Pellé, explicando que não é uma adaptação, mas uma releitura da obra de Lorca. Um dos destaques da peça – e uma das marcas do grupo – é a presença de alguns atores do sexo masculino interpretando personagens do sexo feminino. Os outros dois “veteranos” que voltam à Guaramiranga são os pernambucanos do Coletivo Angu de Teatro, que apresenta Rasif – Mar que Arrebenta e os paraibanos do Coletivo de Teatro Alfenim, com Milagre Brasileiro.
SERVIÇO
XVII FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO DE GUARAMIRANGA - Entre os dias 4 e 11 de setembro, em diversos pontos de Guaramiranga, na serra de Baturité (cerca de 100km de Fortaleza). Outras informações: www.agua.art.br.
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